terça-feira, 6 de novembro de 2012

BANQUETE DE SALSICHAS

Gif Variados

Certo dia, na volta de um de seus passeios diários, Vovozito chegou com algumas salsichas congeladas e cruas na mão, umas já mordidas e outras provavelmente em seu estômago.
De onde teriam vindo se Vovozito não tem como pagar?

Apesar da doença, sua família teve dificuldade para tomar a difícil decisão de cuidar do dinheiro da aposentadoria do Vovozito. Ele já tinha sido roubado muitas vezes porque teimava em ir ao banco sozinho. Tirava todo o dinheiro da conta e chegava em casa sem um centavo sequer.
Outro risco que corria era contra a própria vida. Os porteiros do prédio é que alertaram sobre pessoas suspeitas que esperam Vovozito sair de casa e tiravam o dinheiro de seu bolso. Mesmo reclamando muito, Vovozito passou a andar com os bolsos vazios.

E foi assim enquanto ainda tinha algum cuidado ao andar nas ruas, enquanto sabia que não poderia atravessar, pois a visão também estava bastante reduzida, e até chegar ao ponto de perder completamente a noção e correr o risco de se acidentar ou mesmo de não saber voltar para casa.

Mas, e as salsichas?

Isso fazia parte do que já fora relatado, o hábito de criar estórias. E uma delas era a de que passava fome, que ninguém o queria em casa e que acabaria morando embaixo da ponte, que ninguém cozinhava pra ele e por aí vai.
Quem deu as salsichas tinha menos juízo que Vovozito.

Que complicação é essa que as pessoas não conseguem discernir o que é fato ou fruto da imaginação?
Como alguém pode acusar de negligência os familiares de um idoso que tem a mente comprometida pela doença e ainda colocar a sua saúde em risco, como no caso do Vovozito que comeu o que não devia?

Quando toda a ajuda é necessária e qualquer colaboração é bem-vinda, não seria manifestação da maldade julgar tão mal essa família?

Não importa o cansaço de lidar com as limitações de um corpo já debilitado.
Não tem outro jeito de viver esse longo adeus a não ser o de aceitar seu mundo imaginário e permitir que decida o rumo das conversas.
Mas dar crédito às suas confabulações já é demais.

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