quinta-feira, 20 de setembro de 2012

PASSEIO COM MUITAS TRAVESSURAS


Idosos

Lá vai o vovozito no seu passeio diário. Leva aproximadamente uma hora para dar a volta no quarteirão.
Na esquina mais próxima dá uma parada na farmácia. Lá tem um menino muito sem educação que dá chute nas canelas dos clientes, mas Vovozito tira de letra e, em sua inocência, acaba assustando o coitado com trejeitos que lembram uma criatura das "trevas". Faz chifrinhos, olhar macabro e ruídos tenebrosos, afinal, chamam o menino de "Capeta".
Na sua mente deve achar isso mesmo, pois é de uma geração que nem se imaginava crianças agredindo adultos e, além disso, seus netos são muito comportados. Portanto, apesar de gostar de bater papo com os funcionários da farmácia, deu um jeito de se livar das diabruras do filho dos proprietários.

Na rua de trás, Vovozito entra na padaria para "pertubar" as atendentes a quem chama de "menininhas". E olha que duas delas são senhoras, talvez vovós, mas Vovozito nem percebe ou as considera realmente jovens, comparando com seus oitenta e tantos anos de idade. Suas irmãs já passaram dos noventa e ele continua se referindo a elas como meninas.

Passa pelo sacolão, mesmo sem comprar nada, pelo açougue e dá uma parada no barbeiro. Sua barba é feita diariamente e a família já deixa a conta previamente paga.

Mas o que chama a atenção são os "causos" que Vovozito conta. Poderia ser apenas um jeito de jogar conversa fora, não haveria motivo algum para ser levado a sério, se não fosse pelo fato de inventar umas mentiras perigosas.
Há quem se preocupe seriamente com as consequências dessa sua imprudência. A amiga mais próxima da família sempre alerta para um caso no qual o filho de uma senhora idosa havia sido preso injustamente por maus tratos, simplesmente porque vizinhos resolveram denunciá-lo por conta das reclamações constantes da mãe, sem antes confirmar a veracidade do que dizia. Quando foi diagnosticada a doença da senhora, o mesmo mal que afeta o Vovozito, e se verificou que tudo não passava de imaginação, foi difícil consertar o estrago e lidar com as perdas nem sempre reparáveis, como o tempo que deixou de cuidar da mãe, o emprego e a confiança dos amigos.

Nessas circunstâncias, o risco é evidente. Mas de que adianta sofrer por antecipação?
A família de Vovozito pede a Deus que ilumine a mente das pessoas e os proteja a todos, pois não há nada mais que possam fazer além do que já é feito, com muito carinho.

Gif Variados

domingo, 16 de setembro de 2012

A FACE OBSCURA DA MENTIRA



"A Grande Mentira", expressão que lembra o titulo de algum enredo da literatura ou de obras do cinema ou da televisão, mas que, na verdade, faz parte do nosso dia-a-dia, por isso é um tema que merece muita atenção.
Tempos atrás, pessoas decentes - acreditem, era a maioria - declaravam que um defeito imperdoável era a mentira, qualidade de quem não tem escrúpulo para enganar e subestimar a inteligência do próximo.

Momentos importantes da história já se revelaram grandes farsas.
Como saber, então, se tudo o que lemos ou ouvimos corresponde à verdade?

Inocentes já foram punidos severamente porque indivíduos crueis os acusaram injustamente por algum malfeito que não cometeram.

Quantas reputações foram destruídas pela obra maldosa da calúnia?
Vidas são ceifadas porque nem todos suportam a dor quando descobrem que há quem levante falsos testemunhos contra sua honra.

Ignácio de Loyola Brandão, em "Fragmentos de Uma Vida", conta a história de Ruth Cardoso, esposa do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, já falecida, e declara que a protagonista de sua obra "tinha razão quanto a querer se distanciar da política como ela é feita no Brasil"... Ela, que sempre foi uma pessoa célebre pela integridade e pelo cuidado com a coisa pública, se viu ameaçada... com um escândalo em torno de um dossiê sobre os gastos corporativos da Presidência...

Apresento esse caso como exemplo, pois, como afirma jornalista citado pelo autor, pegaram pesado e Ruth sentiu o baque.
O autor completa: Ruth, elegantemente, ainda que magoadíssima, aceitou as desculpas, porém o círculo íntimo sabe quanto isso a feriu e atingiu um coração já afetado.

E quando o "mentiroso" é incapaz e não tem noção do que é verdade ou fruto de sua imaginação?
Não me refiro aos ignorantes. Não, a ausência de instrução não justifica uma possível falta de caráter nem significa que o indivíduo não tenha discernimento entre o que é fato ou boato. Se mente, faz isso conscientemente.

Escrevi este capítulo num tom mais contundente porque faço parte daquele grupo de pessoas que considera a mentira uma das piores mazelas da humanidade. Entretanto, há muitas histórias divertidas sobre mentiras "inocentes", que às vezes são resolvidas quando esclarecidas, outras acabam em confusão.

São casos que acontecem com pessoas acometidas de certas doenças degenerativas. Quem tem familiares ou convive com pessoas nessas condições sabe do que estou dizendo. Mas, infelizmente, ainda tem muita gente sã que não entende a situação.
Nessas horas não sei o que fere mais, a mentira ou a incompreensão.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

AS TRÊS PENEIRAS DA SABEDORIA - PRINCÍPIO ESSENCIAL PARA A PAZ E A HARMONIA

Um rapaz procurou o filósofo Sócrates e disse que precisava contar-lhe algo.
Sócrates ergueu os olhos do livro que lia e perguntou:

- O que você vai me contar já passou pelas três peneiras?

- Três peneiras?

- Sim. A primeira peneira é a VERDADE.

O que você quer contar dos outros é um fato? Caso tenha apenas ouvido contar, a coisa deve morrer aí mesmo. Suponhamos então que seja verdade.

Deve então passar pela segunda peneira: a BONDADE.

O que você vai contar é coisa boa? Ajuda a construir ou destruir o caminho do próximo?

Se o que você quer contar é verdade e é coisa boa, deverá passar pela terceira peneira: a NECESSIDADE. 

Convém contar? Resolve alguma coisa? Ajuda alguém?

E, arremata Sócrates:

-Se passar pelas três peneiras, conte! Tanto eu, você e seu irmão nos beneficiaremos. Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e levar discórdia entre irmãos.

Portanto, devemos ficar atentos às informações, aos fuxicos da internet, aos noticiários pautados por certos grupos poderosos e até mesmo aos comentários maldosos de amigos.
Mas, da próxima vez em que surgir um boato por aí, submeta-se ao crivo dessas peneiras: VERDADE – BONDADE – NECESSIDADE, antes de atender ao impulso de passá-lo adiante.

                                QUE ALGUM DIA TODOS POSSAM
ACORDAR PARA A GRANDE
REALIDADE QUE
 MUITAS LINGUAS VENENOSAS
 DISTORCEM OU ESCONDEM.
E POSSAMOS, NUM ATO DE
  CORAGEM,
NUMA UNIÃO DE VOZES E
DE SENTIMENTOS
VERDADEIROS, 
 GRITAR AO MUNDO:
"DIGO NÃO À MENTIRA
E À CALÚNIA!"

que todos possam caminhar juntos
cada qual rumo ao seu destino,
mas numa mesma sintonia,
desejando  o bem de todos,
premiando o mérito e
evitando seguir o mau exemplo
das nulidades que semeiam
a discórdia
e o ódio.

Tudo fica mais fácil se cada um de nós
elevar o pensamento
para que possa tocar do alto nos corações dos que
elevam seu olhar acima dos valores mundanos.
Não seria um gesto de arrogância,
mas de libertação das amarras 
que tendem a puxar os mais fracos
para uma condição de sofrimento inútil,
uma vida seduzida pelos apelos rasteiros
dos maus sentimentos e dos péssimos hábitos
que criam obstáculos à evolução da humanidade.

  
 

terça-feira, 4 de setembro de 2012

VOVOZITO É UMA FIGURA

 

Todos os dias estamos suscetíveis a situações que nos colocam à prova, mas se nos deixarmos levar por sentimentos negativos, como o medo, a revolta ou a raiva, esta muitas vezes disfarçada de mágoa, dificilmente conseguiremos superar certos percalços com sucesso.
Tem circunstâncias, entretanto, às quais não podemos nem nos dar ao luxo de recuar, temos que enfrentar, resolver ou aguentar e ponto.

A única opção possível é seguir adiante, principalmente no caso de doenças degenerativas que limitam o doente e seus familiares.
Fazer o que, então?
Hora de se reinventar. Mesmo sem ter ideia do que encontraremos pela frente, o jeito é prosseguir e buscar mecanismos para seguir o único caminho disponível com leveza.

Nossa mente é tão prodigiosa que às vezes consegue encontrar soluções até mesmo para conflitos não resolvidos ao nível da consciência. Muitos relatos comprovam isso, como costumava acontecer com Vovozito, um senhor muito interessante.

Compre no "Careiro"ou no "Compre Mal", estamos próximos à "Ana Frente", ouvir esse tipo de conversa soa absurdo?

Mas essa era a maneira de Vovozito se divertir, ou seja, invertendo o sentido das palavras, como no caso da Avenida Ana Costa, a mais próxima do consultório de sua médica. E respondia sempre assim a uma das perguntas do questionário padrão aos pacientes de Alzheimer.
"Barateiro" e "Compre Bem" são nomes de supermercados.

Quem o acompanhava tinha que ficar atento, pois muitas vezes respondia de maneira contrária ao que realmente queria dizer, sempre em tom de brincadeira, mas corria o risco de ser levado a sério por quem não soubesse do "esquema". Certa vez perguntaram, numa visista a amigos, se aceitava um suco de abacaxi. Na verdade queria, mas como não controlava a mania de brincar com tudo, disse que preferia "resolver um pepino" do que um abacaxi. A anfitriã acreditou e, muito gentil, preparou o suco de pepino na centrífuga. Vovozito, constrangido com o mal-entendido, engoliu com muito esforço.
Alguém acha que aprendeu a lição?
Que nada!
Cinco minutos depois já havia esquecido tudo.

sábado, 1 de setembro de 2012

Semeador de Sorrisos, várias histórias numa vida



Esta é a primeira postagem do Semeador de Sorrisos, porém vou considerar como o primeiro capítulo, pois este espaço terá começo, meio e fim.
Sigo a sugestão de um amigo. Sempre que comento sobre a vontade de compartilhar alguns momentos registrados em minha memória ou situações inusitadas, muitas vezes divertidas,  ele sugere que eu crie um blog para começar de uma vez por todas.
O tema está definido e o conteúdo vai fluir de acordo com minhas lembranças e novas experiências, portanto, não há por que protelar.
Tratam-se de fatos reais, intercalados com textos de minha autoria. Tomei a decisão, entretanto, de não expor os verdadeiros atores das histórias que serão contadas aqui, ninguém saberá sobre quem estou escrevendo, a não ser que alguém se identifique e se reconheça em determinado personagem. Adotarei nomes fictícios e em nenhum momento revelarei quais acontecimentos estão relacionados à minha família, a de amigos ou o que são “causos” de terceiros.

Pronto, já dei a largada. O mais difícil, que é o princípio de tudo.