terça-feira, 4 de setembro de 2012

VOVOZITO É UMA FIGURA

 

Todos os dias estamos suscetíveis a situações que nos colocam à prova, mas se nos deixarmos levar por sentimentos negativos, como o medo, a revolta ou a raiva, esta muitas vezes disfarçada de mágoa, dificilmente conseguiremos superar certos percalços com sucesso.
Tem circunstâncias, entretanto, às quais não podemos nem nos dar ao luxo de recuar, temos que enfrentar, resolver ou aguentar e ponto.

A única opção possível é seguir adiante, principalmente no caso de doenças degenerativas que limitam o doente e seus familiares.
Fazer o que, então?
Hora de se reinventar. Mesmo sem ter ideia do que encontraremos pela frente, o jeito é prosseguir e buscar mecanismos para seguir o único caminho disponível com leveza.

Nossa mente é tão prodigiosa que às vezes consegue encontrar soluções até mesmo para conflitos não resolvidos ao nível da consciência. Muitos relatos comprovam isso, como costumava acontecer com Vovozito, um senhor muito interessante.

Compre no "Careiro"ou no "Compre Mal", estamos próximos à "Ana Frente", ouvir esse tipo de conversa soa absurdo?

Mas essa era a maneira de Vovozito se divertir, ou seja, invertendo o sentido das palavras, como no caso da Avenida Ana Costa, a mais próxima do consultório de sua médica. E respondia sempre assim a uma das perguntas do questionário padrão aos pacientes de Alzheimer.
"Barateiro" e "Compre Bem" são nomes de supermercados.

Quem o acompanhava tinha que ficar atento, pois muitas vezes respondia de maneira contrária ao que realmente queria dizer, sempre em tom de brincadeira, mas corria o risco de ser levado a sério por quem não soubesse do "esquema". Certa vez perguntaram, numa visista a amigos, se aceitava um suco de abacaxi. Na verdade queria, mas como não controlava a mania de brincar com tudo, disse que preferia "resolver um pepino" do que um abacaxi. A anfitriã acreditou e, muito gentil, preparou o suco de pepino na centrífuga. Vovozito, constrangido com o mal-entendido, engoliu com muito esforço.
Alguém acha que aprendeu a lição?
Que nada!
Cinco minutos depois já havia esquecido tudo.

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